II Diálogo sobre Geração de Trabalho e Renda

Aconteceu no último dia 31 de maio, às 14h, de forma online, o segundo diálogo entre as obras sociais vinculadas a Rede de Promoção para Justiça Socioambiental da Província dos Jesuítas do Brasil (RPJSA), que apoiam ou desenvolvem projetos no campo da geração do trabalho e renda. A iniciativa é protagonizada pelo Observatório Nacional de Justiça Socioambiental (OLMA), com apoio do Programa MAGIS Brasil e do Escritório de Mobilização de Recursos da Província.

O foco principal deste encontro foi aprofundar o conhecimento do coletivo sobre cada uma das ações/projetos. O roteiro de apresentações incluía características gerais como objetivos, foco, metodologia. Além do perfil do público envolvido, principais demandas e desafios que o projeto apresenta e que poderiam ser apoiadas em rede e, se a ação dialoga com o que escutamos no primeiro encontro sobre Economia de Francisco e Clara e Economia Solidária… E se sim, como?

Nesse sentido, iniciamos com a apresentação de 4 obras:

1. CCIAS/Unisinos – Programa Tecnosociais
2. Centro Alternativo de Cultura – CAC
3. Centro Santa Fé
4. CJCIAS Cascavel
5. Fundação Fe e Alegria do Brasil Unidade Boa Vista

Abaixo seguem resumos de algumas das apresentações e seus materiais.



Mais do encontro

Nos momentos de socialização após as apresentações muitas foram as boas descobertas. Entre elas os laços que temos em comum como o fato das apresentações irem além da geração de renda, além do comércio… Não é este o foco, os relatos mostram relatos de afetividade, diálogos, resistências… Como dito por Leila Pizzato (Coordenadoras de Ação Social – ASAV):

“…as apresentação vão além da geração de trabalho e renda isso se dá porque somos partes da assistência social, e é pauta a gente trabalhar as relações, trabalhar o companheirismo, trabalhar de forma participativa, trabalhar a redes isso é a grande diferença, não são meros grupos que se encontram para produzir, eles se encontram para conviver e produzir a partir do convívio aí a gente trabalhar as vulnerabilidades.”

Também é importante destacar um pequeno resumo de cada apresentação e seus pontos em comum.

1. CCIAS/ Unisinos – Programa Tecnosociais – RS

Programa Tecnosociais – faz parte da CCIAS/UNISINOS, onde assessora empreendimentos de economia solidária nos segmentos de reciclagem, artesanato, alimentação, cooperativas habitacionais, entre outros. Somos uma equipe interdisciplinar composta por 3 profissionais na gestão (Psicóloga, Assistente Social e Administradora). Trabalha para promover o desenvolvimento social das pessoas. E atua da pré-incubação à desincubação de empreendimentos economicos solidários.

  • Principais atividades: Vídeo chamadas, assessoria pelo whatsapp, reuniões equipe semanais, vídeos educativos (prevenção COVID 19, contribuição ao INSS), rodas de conversas temas de interesse do grupo.
  • Principais demandas: Comercialização (on-line como tirar fotos, logística), fomento a rede de comercialização solidárias (integração melhor), equipamentos (estrutura), insumos para empreendimentos Pré-incubados (produção de alimentos, faltam insumos ex. Farinha, óleo).

2. Centro Alternativo de Cultura – CAC/ PA

Centro social de promoção de justiça socio ambiental do Jesuítas do Brasil, articulado em rede nacional e internacional para a defesa e promoção dos direitos humanos da justiça socio ambiental. Com atendimento de 400 crianças, 200 famílias e 90 educadores populares voluntários.

As atividades estão divididas em três grandes projetos. São eles:

  • Flor e Ser Humanidades e Cultura Alternativa na Amazônia: trabalha com crianças e adolescentes, em processos educativos para o seu empoderamento.
  • Formação política e Cidadã: formação de educadores populares, lideranças comunitárias colaboradores na construção da Amazônia sustentável.
  • Tecendo Teias de ReExistências – subsídios para processos de formação para o empoderamento, autonomia e auto-gestão das mulheres nas comunidades atendidas pelo CAC.
  • Processos de formação na ECOSOL (cirandas formativas),
  • Ciranda das mulheres sábias – envolve pessoas de todo o Brasil, constrói espaço de diálogos do CAC
  • Oficinas de geração de renda e Economia Solidária
  • Processo da comercialização

Sobre a experiência junto ao CAC, Abilene Brito (moradora ribeirinha da área rural da comunidade de Barcarena Pará) nos trouxe:

Com o apoio e incentivo do CAC, com fomento, capacitações, palestras online estamos conseguindo. Sempre defendemos os princípios da economia solidária, nossas dificuldades além de financeiras, são de aparelhos de qualidade, de uma internet, equipamentos, para que possamos levar nossos produtos para as redes, as mídias sociais para assim serem vendidos comercializados diante disto temos sofrido esse impacto. Essa experiencia tem nos tornados mais fortes, tem momento de fraqueza em que nos juntamos pois somos todos família estamos no mesmo convívio na mesma casa, a gente conversa, chora, planeja para assim acalmar a tristeza a dor e desenvolver um trabalho de qualidade nossos produtos são artesanais, precisamos de equipamentos sofisticado por assim dizer, estamos com produção parada por não saber comercializar via online.


3. Centro Santa Fé – SP

Um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos de adolescentes e jovens.

  • Cursos profissionalizantes voltados para área gestão, administração e ligados a informátic. Turmas com 20 jovens que são acompanhados por profissionais da área de informática. Além da formação em português e matemática. Cursos que preparam também para o primeiro emprego.
  • Projeto de Horta Comunitária – Projeto de produção orgânica. Projeto de aquaponia, que junta a criação de peixes com a água que circula e alimenta as plantas.

Querem logo que possível voltar ao contato com a terra, também junto com o aspecto terapêutico e de produção.


4. CJCIAS Cascável – PR

Promove a integração do trabalho com conhecimento dos direitos sociais e melhoria da qualidade de vida. Trabalha com formação: técnica, política, dialogada e afetiva. Atende cerca de 240 mulheres também em situação de vulnerabilidade. As oficinas estão acontecendo em formado on-line e são feitas formações com educadores, divulgações no youtube e também utilização do Messenger.

  • Oficinas: costura industrial
  • Oficinas de artesanatos
  • Formação cidadã – temas da atualidade

Também há a parceria com o SESC – Mesa Brasil retirada quinzenal de uma bolsa com alimentos para nossas participantes.


5. Fundação Fe e Alegria do Brasil Unidade Boa Vista – RR  

Estado mais pobre da união no norte do brasil – tríplice fronteira (Venezuela – Guayana Inglesa)

  • Centro Social Liberdade – 240 crianças educação popular – assistência social, alimentação, inserção escolar, ajuda humanitária, acompanhamento e formação de lideranças indígenas, acolhida migrantes e refugiados

  • Geração de renda: formação para 140 possíveis empreendedores. Apoio financeiro e técnico para 30 projetos de empreendimentos por 3 meses. Inclusão e acompanhamento – Temos um local para fazerem a partilha

 


O encontro também contou com outros relatos sobre as práticas, como a existência de uma feira de artesanatos em espaço público, para os participantes dos projetos. Doações que foram conseguidas/entregues para as costureiras de outro projeto; encaminhamentos para vagas entre outros.

Também refletimos entre outros momentos, através da reflexão da Isabel, sobre a agressividade e intolerância que temos visto mais nos últimos tempos, e o quanto estas iniciativas que foram faladas no encontro. Diz ela:

Hoje temos pessoas mais intolerantes, mais agressivas. Então, essas sementinhas de esperança, plantadas no dia a dia com muito esforço, temos que seguir aprendendo uns com os outros, com o princípio da economia solidaria.

Também falamos sobre a questão alimentar ser mais do que o desafio da comercialização: é uma questão de sobrevivência da comunidade. E o tanto que é importante fortalecermos a questão da soberania alimentar.

Como dito também pela Leila, o público e a vulnerabilidade do público é que nos chama para abrir a porta e dentro da preferência apostólica universal número 2, esse é o diferencial! É uma reflexão que vai além e nos traz a prática de como trabalhar a geração de renda – que é necessária – e como abrir porta para um grupo de pessoas excluídas possa se enxergar, se valorizar e participar.

O encontro foi finalizado com esta riqueza de reflexões e práticas, com cada centro mostrando seu jeito de se expressar e de ser e aí é que está a grandeza do nosso trabalho. Somos obras, somos centros, não somos iguais no modo de operar, mas estamos ligados a mesma Missão e assim, formamos parte de um só corpo.