O seminário Diálogos em Construção, em sua edição de junho (24) às 17h, vai debater “‘Politização’ de católicos tradicionalistas e manipulação religiosa da sociedade“, com transmissão pela internet, em uma live no youtube, com a participação do Pe. Francisco de Aquino Junior, Teólogo e professor da Universidade Católica de Pernambuco e Emerson Sena da Silva, Professor da pós-graduação em Ciências da Religião (UFJF). Além da mediação de Pe.Thierry Linard, Pe. Jesuíta e Coordenador do Diálogos em Construção.
“Incomodar-me-ia muito que houvesse casamento entre o fundamentalismo religioso e a direita política. A extrema direita não tem interesse na religião, exceto para manipulá-la”. (Billy Graham)
No cenário político, fala-se muito do papel exercido pelos neopentecostais na política. Nas eleições de 2018, grande maioria dos pentecostais (70 %) votaram por Jair Messias Bolsonaro. Os católicos ficaram divididos, a metade votando por Bolsonaro.
Notável é o apoio dado, até hoje, ao Presidente por grupos católicos conservadores, como, por exemplo, pela Renovação Carismática Católica, articulada com a Canção Nova, ocupando assim espaço significativo na mídia e na política. Uma agenda comum junta vários movimentos conservadores: Escola sem partido, Brasil sem aborto, defesa da família… Como também levantam bandeiras contra o comunismo, a teologia da libertação e não em poucos casos criticam a CNBB por sua atuação na Igreja e na sociedade.
O cenário conjecturado pelo Pastor Billy Graham para os Estados Unidos, aplica-se plenamente ao Brasil dos tempos atuais, quando uma aliança tácita da extrema direita pentecostal (protestante e católica), captura o discurso cristão para fins de manipulação do Estado e da sociedade, sem na verdade nenhum propósito identificável nos Evangelhos ao seguimento de Jesus.
Não é forçar a dose de falar de certo fanatismo de elementos tradicionalistas? Será que estamos em presença de uma fé instrumentalizada para fins de poder? O que faz que, em nome da “religião católica”, pretenda–se impor à sociedade sua verdade. Esse tipo de discurso fundamentalista não estaria funcionado como ideologia para eliminar qualquer opinião diversa?
Diante da desigualdade social com suas condições de grande miséria material e moral, agravadas pela pandemia, não estaria existindo o risco de se difundir uma ideologia radical de tipo capitalista, que se recusa mesmo a tomá-las em conta? (ver CA, 42). Acusar de comunistas os que defendem os direitos humanos e sociais e que implementam uma “luta contra um sistema econômico, visto como método que assegura a prevalência absoluta do capital, da posse dos meios de produção e da terra” (CA, 35) não é fazer o jogo de uma extrema-direita aliada ao neoliberalismo?
Lideranças católicas, quando fazem apelo ao tripé “Deus, Família, Pátria” (evocando o antigo signo – ‘Tradição, Família e Propriedade’), não estariam instrumentalizando a fé cristã para seus interesses e seus projetos de poder? Por outro lado, a defesa da liberdade religiosa não está ficando unilateral, por não deixar espaço a um pluralismo religioso e político, por causa de uma mentalidade fundamentalista e intolerante?
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