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Amazônia Indígena em contexto das cidades
Atualmente os povos indígenas no Brasil sofrem ataques diariamente, estejam eles nas aldeias ou nas cidades. Porém, quando se fala da presença indígena no meio urbano ressalta-se uma realidade marginalizada que acontece pela negação da identidade étnica. O que significa dizer que há uma ausência de políticas públicas específicas, diferenciadas e direcionadas para atender as demandas desses povos que considere e preserve aspectos culturais próprios. E isso se agrava ainda mais quando falamos de Amazônia Indígena em contexto de cidade. Isso porque a Amazônia já possui um desafio político-histórico de abandono das classes mais pobres e com sérios problemas socioambientais urbanos.
A Amazônia apresenta um vasto cenário de desigualdades sociais e ainda concentra o maior número de população indígena e multiétnica no Brasil. E, uma boa parcela desta população migra para a cidade pela crença de melhores condições de vida, na esperança de acessar direitos que nas aldeias também já são escassos. No entanto, a realidade enfrentada por estes indígenas é de pobreza, falta de habitação, violência urbana, desemprego, desassistência em saúde, educação, infraestrutura e com o maior dos agravantes que é o não reconhecimento de suas identidades étnicas por parte dos órgãos de assistência cidadã.
Apesar da realidade adversa, eles procuram viver em comunidades, geralmente estão aglomerados em bairros periféricos, áreas de encostas e ocupações ameaçadas de reintegração de posse. As comunidades muitas vezes são famílias de uma etnia que vão se juntando com outras em determinado local.
Segundo o último censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população indígena é de, aproximadamente, 897 mil pessoas, pertencentes a 305 etnias diferentes, falantes de 274 línguas. Destas 305 etnias, 300 já vivem em cidades brasileiras. Nos estados do Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) a população de pessoas autodeclaradas indígenas é de 342.836.
O Estado brasileiro com maior número de indígenas é o Amazonas, com uma população de 183.514 pessoas autodeclaradas indígenas. Em Manaus, na capital do Amazonas, a população morando na cidade varia entre 7 mil, segundo o IBGE, e de 15 a 20 mil de acordo com a estimativa da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Na cidade também prevalece uma diversidade étnica que, de acordo com o Censo de 2010, apresenta 92 etnias com 36 línguas faladas.
Os indígenas não somente vieram para viver e ficar na cidade, mas têm o direito de permanecer nela, se desejarem. Afinal, é necessário dizer que não são os indígenas que chegaram em Manaus e sim a estruturação da cidade que os expulsou no passado por meio dos brancos que vieram se instalar em terras indígenas. Apesar disso, eles continuam resistindo e lutando de forma coletiva para sobreviver.
Em busca de alternativas de sobrevivências alguns procuram fontes de renda no emprego formal, enquanto outros buscam ajuda de instituições religiosas, projetos não-governamentais e movimentos sociais para garantir que a sua cultura permaneça viva a partir da criação de associações em espaços urbanos para a venda de artesanatos, pinturas, comidas e bebidas típicas. Até 2015 foram identificadas 13 associações em Manaus que assumem um papel fundamental na vida dos indígenas. O que é uma maneira de fortalecer a luta pelo direito à cidade.
Como exemplo de comunidades indígenas nas cidades temos o Assentamento Povo Indígena Sol Nascente que está em processo de regularização de suas terras. Ele fica localizado na cidade de Manaus, no Amazonas. Seu Domingos Vieira, Cacique deste território pluriétnico, fala conosco sobre os desafios que encontra, suas lutas e modo de auto-organização comunitária.
Se já existia dificuldades na aldeia, na cidade elas são ampliadas. Os povos indígenas mais sobrevivem do que vivem. Apesar de desejarem manter vivos costumes e valores culturais a realidade subalternizada pode ser muito desafiante para eles. Mas, “As vidas dos Povos indígenas importam” e por elas lutamos juntos!
Texto: Mary Nelys e Ana Lúcia Farias