Nos dias 29, 30 e 31/01/2018, realizamos o encontro da rede de promoção da justiça socioambiental, com o objetivo de promover o encontro entre as obras sociais de são Paulo, que compõem a rede de promoção e justiça socioambiental da Província dos Jesuítas do Brasil, com intuito de partilhar experiências, fortalecer vínculos e aprofundar perspectivas comuns de reflexão e ação, conformando sistematicamente uma rede de justiça socioambiental local.
Iniciamos o Encontro com a Dinâmica de Integração, realizada pelo Centro Santa Fé, onde fomos convidados a abrir caixas de presentes espalhadas pela sala e dentro dela havia um espelho. Deveríamos explanar qual sentimento possuíamos ao ver o espelho, e o que aquela pessoa poderia ofertar aos outros que ali estavam no decorrer dos três dias de formação. Circulamos pela sala e com os gestos das mãos, nos tocávamos e dizíamos: dar, receber e espalhar, por fim, através de um bombom, colocamos uma palavra motivadora e trocamos com outra pessoa, representando os sentimentos que temos a ofertar além das nossas trocas de experiências.
Repassamos a pauta proposta para os três dias, para que todos ficassem cientes acerca dos assuntos que seriam abordados, bem como as dúvidas de cada um.
Nos apresentamos, falamos sobre nosso local de trabalho e nossas expectativas em relação ao encontro.
Fomos apresentados ao Padre Carlos James, e logo em seguida, Padre Pedrinho Ferreira do Fé e Alegria, iniciou sua explanação sobre:
Caracterização Geral dos Serviços de Convivência: Perfil, desafios e perspectivas
Em seus dizeres, nos explicou o quanto esse serviço tem a força e o poder de resgatar e amor e os sonhos, de despertar experiências para as pessoas menos favorecidas. Abordou também questões como a política social, relacionados aos programas de transferência de renda, SUAS, Proteção Social Básica e Proteção Social Especial. Esses programas foram todos conquistados pela sociedade civil. O nosso papel enquanto profissionais, posiciona-se no Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos, que acontece no Cras e no Creas. Estamos inseridos nesse contexto, pois recebemos muitos encaminhamentos desses órgãos públicos. A nossa população está inserida nas proteções básicas e especial, porém nosso maior objetivo é fazer com que a maioria delas passam a fazer parte das proteções básicas. Informou-nos que nas cidades do interior esse trabalho é realizado apenas pelas prefeituras e em São Paulo, devido ao tamanho e a complexidade dos atendimentos, somos beneficiados pelas parcerias. O objetivo desses serviços e o nosso, enquanto fortalecimento de vínculos, é preventivo e proativo. Prever ações que possam acontecer, empoderar o usuário em detrimento de sua vulnerabilidade, como a falta de moradia, comida e educação, além da vulnerabilidade subjetiva, como exemplo a violência em qualquer instancia. Consideramos como situações prioritárias de atendimentos o trabalho infantil, pessoas em situações de isolamento, vivência de violência/negligencia, crianças e adolescentes fora do ambiente escolar e cumpridores de medidas socioeducativas. A metodologia a ser aplicada deve ser de acolhimento, pois esse é um processo de libertação daquele que chega, além de ser o local onde tudo começa, ou seja, a forma com que sou recebido irá mostrar como será meu comportamento. Por fim, os resultados esperados são a forma lúdica na condução desse processo, pois mexe com as nossas estruturas emocionais; jogos temáticos; gincanas; ampliando espaços; música, dança contação de histórias. Tudo isso contribui para resignificar vivencias de isolamento e violação dos direitos. É preciso acreditar no nosso trabalho para que possamos direcionar os nossos objetivos. A partir do momento que recebemos o jovem, devemos fazer a linguagem proativa: EU ACREDITO EM VOCÊ!
Utilizamos na educação popular: ENTREGO, CONFIO, ACEITO E AGRADEÇO!
Fé e Alegria: método da educação popular. O público que atendemos precisam de oportunidades. Não são apenas pessoas necessitadas. É a oportunidade que liberta qualquer pessoa e situação. A linguagem utilizada é proativa e defensora, somos executores de políticas públicas, pois estamos onde a comunidade quer e necessita e a força da nossa missão é acreditar!
Apresentações dos Projetos:
Projeto OCA – Coordenadora – Valéria
Centro Santa Fé – Coordenadora – Alcilene
Fé e Alegria / CEI (Taipas) – Coordenadora Alexandra
Fé e Alegria (Grajaú) – Coordenador Jefferson
Após as apresentações, partilhamos as obras apresentadas
Grupo I:
– Esse grupo trouxe as discussões de como funciona o Grêmio nas unidades do Fé e Alegria, as dificuldades, ideias para inovação e partilhas.
Grupo II:
– Esse grupo trouxe o desenvolvimento do processo e criação do Grêmio, os desafios de trabalhar com a comunidade, ressaltando a dificuldade do Projeto OCA em estar mais perto das famílias, devido sua localização ser longe da comunidade.
Grupo III:
– Esse grupo trouxe a dificuldade em trabalhar com os convênios da prefeitura, no sentido de dificultar o desenvolvimento do trabalho. A necessidade de um pedagogo nos projetos sociais e as semelhanças e diferenças entre os trabalhos apresentados de cada obra.
Grupo IV:
– Esse grupo trouxe discussões em relação as dificuldades em atingir as famílias, transformar a realidade do adolescente, dificuldade em encaminhar o jovem para o primeiro emprego sem qualificação. Falou-se também sobre a diversidade das atividades do Projeto OCA, mesmo estando distante da comunidade. Abordou-se temas como: captação de recursos e quantidade x qualidade. O grupo também discutiu sobre o atendimento do Projeto OCA acontecer 3 vezes por semana, por não ser continuo, de acordo com a política social, entretanto, devido a verba disponibilizada, foi preciso readaptar os dias de atendimento e dessa forma, conseguiu-se mais 40 vagas com dois dias a menos na semana.
Após o almoço o P. Agnaldo Jr. Falou sobre: A Espiritualidade Inaciana em nossos modos pessoais e institucionais de proceder
Pe. Agnaldo nos trouxe a reflexão de que não podemos deixar ninguém para trás e que a meta para todos nós alcançarmos é a erradicação da fome.
Explanou sobre as características da Espiritualidade Inaciana:
1 – Da experiência ao método : não é uma teoria, é uma experiência;
2 – Experiência de Deus: encontro pessoal com Deus. Nossas experiências são para ajudar as almas;
3 – A experiência de Deus em Jesus Cristo: é fundamental conhecer a pessoa de Deus por dentro, para depois segui-lo;
4 – Espiritualidade Apostólica: Santo Inácio compartilha essa espiritualidade. Cristo pobre e humilhado. É preciso tirar o olhar de nós mesmos e colocar sobre o outro. Deus em primeiro lugar. Sempre buscar pelo amor e pelo interesse em ajudar o outro;
5 – Espiritualidade do MAGIS: buscar sempre o mais, o melhor, dar o melhor de si;
6 – Espiritualidade do discernimento: não é uma formula, é buscar o discernimento, encontrar sempre a Deus e fazer um exame de consciência do dia.
7 – Espiritualidade mundana: estar no mundo, transformá-lo no que Deus pensou para nós;
8 – Atualidade da espiritualidade inaciana: uma forma de vivenciar, de dar sentido à vida, transformar a realidade daqueles que sofrem, mesmo que sejam poucos;
9 – Objetivos:
Uma única comunidade humana;
O outro primeiro na minha vida e eu no meu trabalho;
Diversidade; justiça, olhar os mais necessitados;
Autonomia, não deixar o jovem depender da nossa obra;
Colaboração, não fazemos sozinhos, trabalhar em rede;
Excelência, fazer, independente para quem seja.
No 2º momento da tarde Pe. Carlos James e Ana Cristina desenvolveram o tema: Vivenciando a Educação Popular enquanto pratica libertadora e de promoção a justiça
Iniciamos com a dinâmica da fita onde cada um dizia um sentimento e o descrevia.
Pe. Carlos Explanou os significados das palavras educação e popular. Educação: educação libertadora e popular: interesses, defesas das necessidades.
Nos distribuímos em grupos e deveríamos pensar em palavras que significavam a educação popular. 03 grupos ficaram com o tema: Perna Pedagógica para a educação popular e 02 grupos com o tema Perna Política para a educação popular. Os grupos discutiram e escreveram palavras de representações dos dois temas. As palavras apresentadas foram:
Aprender a Aprender;
Diálogo;
Conhecimento;
Roda de conversa;
Empoderamento;
Acolhida;
Respeito;
Diferença de conhecimento;
Critica;
Autonomia;
Troca;
Consciência;
Fizemos as considerações de cada palavra e em seguida, houve o encerramento do dia.
Reflexões acerca de gestão de conflitos e das praticas socioeducativas nos serviços de convivência – Sarine Schneider – Centro Fé e Alegria Farrapos – Porto Alegre
Sarine nos trouxe um pouco de sua experiência realizada em Porto Alegre. Segue:
Decisões coletivas;
Gestão compartilhada;
Processo avaliativo;
Estudos de casos;
Diálogo com as famílias;
Visitas em duplas;
Café com o educador referência;
Círculo com as crianças, onde as mesmas contam de seus sentimentos.
Dividiu conosco a experiência de criar um espaço acolhedor para os momentos difíceis, tanto da criança quanto do educando.
Em seguida, houve as apresentações do Painel de Conflito e práticas socioeducativas. Cada obra explanou suas experiências, ficando dessa forma:
Punir o agressor, dá a ele o poder sobre o outro;
Não adianta trabalhar o educando quando não se trabalha e educador;
Formações para resolução de conflitos;
Trabalhar as emoções da equipe;
Trabalhar as emoções das crianças;
Entender a vivencia de cada um;
Empatia;
Respeito;
Assembleia;
Regras e combinados;
Dialogo;
Visita domiciliar;
Envolver os todos os colaboradores nas decisões dos grupos;
Rodas de conversa com as famílias e os educandos;
Fazer com que se sintam pertencentes ao projeto
Autonomia.
Fizemos uma divisão em grupos para a discussão dos temas abordados acima, onde refletimos sobre as sugestões inovadoras e coimo podemos desenvolvê-las.
Conceito de Justiça Socioambiental e trabalho em grupos sobre o marco da promoção da justiça socioambiental – Pe. José Ivo
Pe. José Ivo nos levou a reflexões sobre a história da Companhia de Jesus, que tem uma espiritualidade e pedagogia revolucionárias direcionada para o caminho educacional e social. Falou sobre as diferentes formas de exercer um trabalho social e da grande dimensão desse trabalho.
1ª dimensão: cuidado com os bens da criação. Para o brasil, atenção especial para Amazônia
2ª dimensão: solidariedade com os pobres: saúde, moradia, alimentação.
3ª dimensão: assumir a causa do outro
Preferencias apostólicas:
– Fé transformadora;
– Superação das desigualdades;
– Juventude;
– Diálogo inter-religioso;
Promoção da justiça ambiental:
Reconhecimento do outro;
Compromisso em superar desigualdades;
Cuidado com a mãe terra.
Articulamos em grupo as questões:
Como reagimos diante do contexto de justiça socioambiental?
Como os conceitos de justiça socioambiental e educação popular se relacionam?
Como podemos estabelecer o observatório em rede?
Ao final, sugerimos as datas para os próximos encontros e temas: 23, 24 e 25/07. Local: Projeto OCA |
Este encontro faz parte do Projeto Educação Popular, política e cidadã: reforçando os princípios democráticos em tempos de crise:
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