CURSO “MUTIRÃO PELA DEMOCRACIA” SEGUNDA AULA – 29 DE ABRIL DE 2024

O curso de formação “Mutirão pela Democracia” promoveu, no dia 29 de abril, sua segunda aula, ou sua segunda Roda de Conversa, como são chamados os encontros semanais. O curso é realizado, de forma virtual, dentro do Projeto Encantar a Política, a partir da Edição nº 8 da revista “Casa Comum”, lançada com o título “Reencantar a Política: pela Mobilização das Urnas e das Ruas”, como subsídio para o trabalho de reflexão nas comunidades, grupos, coletivos, pastorais e movimentos.

A segunda edição do curso foi coordenada por Daniel Seidel, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz – CBJP e teve, como tema, a “Democracia em cheque”, apresentado por Eduardo Brasileiro de Carvalho, sociólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, onde integra o Grupo de Reflexão e Trabalho para a Economia de Francisco e Clara e a Escola de Formação Política de Cristãos Humanistas do Núcleo de Estudos Sociopolíticos. No evento, representou Robson Sávio Reis Souza, também professor da referida universidade.

Primeiramente, Alex Bastos, da Ordem Franciscana Secular do Brasil – OFS, homenageou as trabalhadoras e trabalhadores pela passagem do seu dia comemorativo em 1º de Maio, lembrando que, na carpintaria de José, Deus se fez classe. Explicou o sentido da logomarca do curso, onde estão representados os idosos, jovens, mulheres, crianças, estudantes negros e indígenas.

Falando em seguida, Eduardo Brasileiro de Carvalho lembrou que mutirão e democracia simbolizam a mesma coisa. Alertou para o adoecimento da nossa democracia, que se encontra fragilizada e controlada pelos mercados e abordou três pontos de reflexão: a crise das democracias, a educação política e o reencantar a democracia com os desafios de organização das classes populares. Ao final, perguntou: que iniciativas podemos fazer a partir dos nossos pertencimentos para fortalecer a nossa democracia?

Daniel Seidel convidou alunas e alunos para responderem à pergunta e discutirem os temas abordados na palestra. Para isso, formaram-se oito grupos de 7/8 pessoas cada um. Findo o prazo, os relatores eleitos de cada grupo apresentaram um resumo dos inúmeros inventários feitos de experiências, críticas e sugestões a partir da profunda vivência e engajamento dos participantes. Falou-se, dentre muitos outros aspectos igualmente importantes, da necessidade de retomada dos conselhos de mandatos, com o objetivo de aproximar a sociedade do Poder Legislativo, tais como Conselho da Mulher, Conselho de Inclusão Escolar, Conselho da Juventude e outros. Os círculos bíblicos também foram lembrados como momentos propícios de conscientização política. Houve o alerta para a necessidade também de um maior engajamento da Igreja na formação política de seminaristas e na mobilização das comunidades por meio de campanhas nesse sentido, sem falar na tendência de redução do número de trabalhadores da messe. Sugeriu-se uma maior participação da CNBB. É preciso, ainda, que se faça um trabalho de formiguinha junto às entidades que dão assistência a moradores de rua e outros segmentos carentes da sociedade, no sentido de ajudá-las nas questões burocráticas para fins de cadastramento e percepção de auxílio junto aos órgãos públicos.

Eduardo Brasileiro acolheu e agradeceu as sugestões e críticas, manifestando sua esperança de recuperação da nossa democracia a partir dos nossos próprios testemunhos, e citou o caso de um candidato a prefeito que estava presente à aula como aluno do curso.

Ao final, assistiu-se a um vídeo da escritora e filósofa Marilena Chaui, em que ela fala sobre a democracia, definindo-a não apenas como uma ordem civil legal com a existência de poder político, eleições e direitos civis, mas como a única forma de sociedade que se baseia na criação e conservação de direitos, que considera os conflitos legítimos e necessários e onde a soberania não pertence aos governantes, mas ao povo. O neoliberalismo defende que o estado deve ser tratado como uma empresa e não como um poder público e que os governantes devem ser gestores, sendo que, no caso brasileiro, temos apenas uma caricatura de sistema neoliberal.

Daniel Seidel encerrou a roda de conversa, lançando a campanha para escolha de um título para cada turma.