Na última segunda-feira, dia 08 de abril, no Centro Cultural de Brasília (CCB), aconteceu mais uma edição do Diálogos de Justiça e Paz. Em referência ao Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização dos povos originários do Brasil, que em 2024 completa 20 anos e acontecerá entre 20 e 26 de abril, na capital federal o evento pautou a causa indígena e os debates entorno do Marco Temporal.
O Diálogos contou com a importante presença de duas renomadas lideranças indígenas e um representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), além da mediação do Secretário Executivo do OLMA, Luiz Felipe Lacerda.
Na ocasião Angela Kaingang, liderança da retomada de Faxinal (RS) trouxe o histórico de luta de seu povo ressaltando a importância da mobilização das mulheres indígenas e a centralidade da espiritualidade dos povos originários na luta por reconhecimento de seus direitos. “A nossa espiritualidade é uma coisa muito forte, se fossemos usar ela para devolver todas as maldades que sofremos, não restaria nada”, afirma a liderança, com emoção, ao falar para uma atenta plateia.
Kretã Kaigang, Liderança da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e da Arpin Sul, por sua vez, relembrou o histórico de lutas ao longo destes 20 anos de Acampamento Terra Livre e socializou as características específicas das lutas do povo Kaingang e como elas influenciaram a ascensão do movimento indígena a nível nacional. Além disto, a liderança destacou os conflitos ocasionados pelo extensivo cultivo de soja no sul do Brasil.
A participação de Luis Ventura (CIMI) trouxe o foco para a principal demanda do momento que se refere na necessária derrubada da lei 14.701/2023, promovendo uma leitura estratégica de como o agronegócio permeou os primeiros governos do partido dos Trabalhadores, ganhando força descomunal ao longo do governo Bolsonaro, dominando hoje as pautas do congresso nacional. “Não foi apenas na arena política que eles avançaram, inclusive subsidiando as ações do 08 de janeiro contra a democracia,
mas também na violência direta, com a liberação do porte de armas nos últimos anos, chegando ao ponto de organizar um movimento chamado Invasão Zero, utilizando de explicita violência para ameaçar os povos indígenas e constranger o avanço na demarcação das Terras,” afirma Ventura.
Após as explanações a plateia, participando presencialmente e virtualmente, teve a oportunidade de tecer perguntas e comentários que possibilitaram o aprofundamento dos debates, trazendo elementos relacionados a espiritualidade dos povos originários, a reforma agrária, a demarcação de terras, as políticas de desintrusão, demarcação e autodeterminação entre outros aspectos.
Se não pode participar ao vivo, não se preocupe, acesse a gravação do |Diálogos de Justiça e Paz de abril, na íntegra, agora: (218) DJP – Luta Indígena e o Marco Ancestral – YouTube
Acompanhe nossas redes, o próximo Diálogos de Justiça e Paz, uma produção do OLMA, CCB, CBJP e CJP-DF, acontecerá no dia 06 de maio e trará como tema central o mundo do trabalho, fazendo alusão ao Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora.