NOTA DE REPÚDIO E INDIGNAÇÃO AS MORTES DE GUARANI E KAIOWÁ

São dezenas de lideranças Guarani e Kaiowá assassinadas desde que Marçal Tupã’i denunciou a sua condição ao Papa João Paulo II. Estamos literalmente convivendo com a barbárie. O processo civilizatório na República do Brasil está sendo marcado por um trágico viés de incivilidade e agressão aos povos originários. Manifestações reiteradas de não abertura para a demarcação de terras indígenas, são geradoras de insegurança jurídica. Esta insegurança é geradora de conflitos e mortes. A fragilização e o aparelhamento dos órgãos de fiscalização, fazendo com que agressores e invasores de territórios tradicionalmente cuidados por povos indígenas, espalhem o terror, sem o menor constrangimento legal, são os processos que mais reforçam e marcam toda esta tragédia. É uma tragédia resultante de ultraje flagrante à nossa Constituição.

O Observatório Luciano Mendes de Almeida – OLMA, em nome de toda a Rede de Justiça Socioambiental da Província dos Jesuítas do Brasil, vem a público para repudiar com veemência esta situação, causadora de tanto sofrimento aos nossos irmãos e irmãs Guarani e Kaiowá. Mostramos a nossa indignação em ter que assistir à tragédia vivida por estes povos e outros, sendo violentados em suas vidas e violados em seu direito de viver com liberdade em seus territórios. O que mais gera indignação é saber que esses nossos irmãos e irmãs são caracteristicamente os povos que mais cuidam e sabem cuidar de nossa Mãe-Terra.

A presente nota quer mostrar a nossa posição frente ao que vem se acentuando de forma selvagem nos últimos dias, conforme relato apresentado pelo Conselho Indigenista Missionário – CIMI (24/06/2022), em cuja parceria nós trabalhamos. Não bastasse o denunciado naquela nota, no dia 26/06/2022, assistimos estarrecidos a uma manifestação de “proprietários rurais” contra o que eles estavam chamando de “falsos índios”, forma ofensiva e degradante de se referir aos nossos irmãos e irmãs, que deveriam ser expulsos da Fazenda Brasília, BA.

O presente repúdio e manifestação de nossa indignação junta a nossa voz às vozes de todos e todas que clamam por um Brasil no qual o cumprimento da nossa Constituição Republicana e a dignidade de todos os seres humanos, sejam efetivamente a pauta prioritária no presente e no futuro.

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