O Seminário Diálogos em Construção terá como tema a Política Externa Brasileira e Soberania Nacional. O evento vai acontecer na quinta-feira, dia 26 de setembro às 19h30, no Centro Cultural de Brasília, com a participação dos embaixadores Paulo Roberto de Almeida e Samuel Pinheiro Guimarães Neto.
Os sinais aparentemente caóticos de negligência da atual política externa brasileira despertam no exterior cada vez maior preocupação, pelo peso que o Brasil ainda representa na cena externa em vários domínios das relações internacionais. Perguntas do tipo – o que está acontecendo com o Brasil? Qual é o sentido daquilo que fala o seu Presidente? A quem interessa ou quem está por trás desse discurso? – são colocados pela imprensa estrangeira e, também privadamente, aos brasileiros no exterior.
É possível encontrar, a esta última pergunta, algum tipo de resposta, em teoria, nas estratégias de poder das chamadas ações de “guerra híbrida” conducentes à anulação de soberanias nacionais incômodas ao poder da principal superpotência global. Mas a frequência e incidência do absurdo nas falas e atos sobre questões externas, de parte do Presidente da República, clamam por manifestações explícitas de caráter reparador, de parte das instituições políticas de Estado e da sociedade civil.
Aparentemente, a atuação da atual política externa brasileira tem sido duplamente negligente nessa linha do compromisso – soberania internacional e cooperação internacional. De um lado, por abandono da busca dos interesses estratégicos do Brasil na sua política externa; e de outro, pela condução caótica dos compromissos externos em áreas típicas de cooperação externa, a exemplo das mudanças climáticas, das questões de comércio, desenvolvimento, segurança externa, etc. A política externa projeta uma imagem do País para o exterior mediante atos de fala e compromissos de ação interestatais coerentes com tudo que é declarado. Há sentido na atual política externa? O que precisaria mudar na linha da recuperação do compromisso da soberania com a cooperação externa?
Sobre os convidados
Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais (Université Libre de Bruxelles, 1984), Mestre em Planejamento Econômico (Universidade de Antuérpia, 1977), Licenciado em Ciências Sociais pela Université Libre de Bruxelles, 1975). É diplomata de carreira, por concurso direto, desde 1977; serviu em diversos postos no exterior e exerceu funções na Secretaria de Estado, geralmente nas áreas de comércio, integração, finanças e investimentos. Foi professor de Sociologia Política no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília (1986-87) e, desde 2004, é professor de Economia Política no Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). É editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional, colabora com várias iniciativas no campo das humanidades e ciências sociais, e participa de comitês editoriais de diversas publicações acadêmicas. De agosto de 2016 a março de 2019 foi Diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IPRI), afiliado à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), do Ministério das Relações Exteriores.
Samuel Pinheiro Guimarães Neto
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1963, ingressou no Itamaraty nesse mesmo ano. É mestre em economia pela Boston University (1969). Foi Secretário-Geral das Relações Exteriores do Brasil (2003-2008) e Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República no governo Lula (2009-2010). Foi designado Alto-Representante Geral do Mercosul (2011-2012). É autor de “Quinhentos Anos de Periferia” (UFRGS/Contraponto, 1999) e “Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes” (Contraponto, 2006) – com este último, ganhou o Troféu Juca Pato da União Brasileira de Escritores.