OLMACOMUNICA: Comunicadores lançam articulação comunicação por outro mundo possível

Comunicadores e comunicadoras de organizações ambientalistas, pastorais e de direitos humanos, reunidos em Brasília nos dias 13 a 15 de março, decidiram organizar uma articulação para compartilhar conteúdos e fortalecer suas ações de comunicação. A articulação não terá um site próprio, mas o conteúdo feito por cada equipe de comunicação estará disponível para todas as outras organizações publicarem. Também haverá reforço mútuo das publicações nas redes sociais.

Dezenove organizações compareceram ao encontro, mas a articulação deve receber adesão de outras. Haverá um espaço privado para disponibilização instantânea de todo o conteúdo enviado. A articulação COMUNICAÇÃO POR OUTRO MUNDO POSSÍVEL – COMP também terá uma agenda comum de campanhas para o ano de 2019. Os temas serão distribuídos durante o ano e os assuntos serão: defesa do território; reforma da previdência; migrantes; desertificação; grito dos excluídos e sínodo da Amazônia.

O OLMA marcou presença no encontro. (Momento da apresentação das mídias sociais do observatório, com a comunicadora social da entidade)

“O jornalismo tem sua função social, que é informar e formar os cidadãos para uma sociedade democrática. Esse é o nosso compromisso dentro dos nossos meios de comunicação nas nossas entidades, pastorais e movimentos sociais. Trabalhar com a verdade, contra a onda de desinformação que nos trouxe ao cenário político em que nos encontramos”, disse a jornalista Karla Maria, que é coordenadora da Rede Jubileu Sul/Américas.

Karla também destaca que este é o momento de uma articulação da Comunicação do “bem”, daquela que busca construir uma sociedade do bem-viver, e que leve as pessoas a questionarem a origem dos problemas econômicos e sociais do país, como a Dívida Pública. “Um Estado que prefere tirar benefícios dos mais pobres, por exemplo, para pagar juros e rolagem da Dívida Pública, precisa ser questionado, pressionado”, disse a jornalista, lembrando que em maio a COMP deve trabalhar em conjunto para denunciar as propostas de reforma do atual governo federal.

Além dos momentos deliberativos e dos debates, o Encontro teve contribuições dos jornalistas Bia Barbosa, do coletivo de jornalistas Intervozes, Antônio Martins, do portal Outras Palavras, e do padre Ermanno Allegre, fundador do portal Adital. Entre inúmeras contribuições, esses especialistas falaram sobre a importância da profissionalização dos setores de comunicação das entidades, o trabalho de comunicação em rede e a necessidade de combater a desinformação.

O Encontro de Comunicadores aconteceu de 13 a 15 de março, no Centro Cultural Missionário, em Brasília (DF)

Outra prioridade da COMP será trabalhar para a formação de Comunicadores Populares, treinando pessoas das comunidades para que elas mesmas gerem notícias sobre sua realidade. Além de abrir um novo canal para geração de notícias, a formação de Comunicadores Populares tem um caráter pedagógico importante para o empoderamento das comunidades, que poderão ter voz própria.

As novas publicações poderão ser conferidas nos seguintes sites:

cnlb.org.br
formad.org.br
semfronteirasnomadeira.blogspot.com
olma.org.br
tapajosvivo.blogspot.com
jubileusul.org.br
mtcbrasil.org.br
asabrasil.org.br
pom.org.br
icaracol.org.br
cimi.org.br
cebi.org.br
caritas.org.br
facebook.com/saressj
fmclimaticas.org.br

O encontro de comunicadores também elaborou uma carta pública que situa a importância da comunicação para o combate à desinformação que predomina na sociedade brasileira e levar qualificação ao debate político. Leia a íntegra da carta:

Brasília, 15 de março de 2019

Nós, comunicadoras e comunicadores de diversas organizações reunidos a convite do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, somos testemunhas da luta do nosso povo e damos o alerta para a política que está se instalando no Brasil. Nosso povo está sendo atacado, os indígenas massacrados, os trabalhadores perdendo seus direitos, as entidades que os defendem são perseguidas e monitoradas, sindicatos estão sendo inviabilizados, universidades perdem recursos e autonomia, professores são perseguidos pela lei da mordaça.

Esse cenário político é confirmado por um ambiente de comunicação afogado por desinformação institucionalizada. Uma verdadeira guerra de mentiras que ludibria, manipula e induz a decisões equivocadas. Nossa sociedade está doente. Cresce a violência em ambientes que deveriam ser absolutamente seguros, dentro das casas, dentro das escolas, dentro das famílias, dentro das igrejas. Os crimes de ódio são repercutidos e incitados por pessoas que têm o dever de defender as políticas públicas protetivas e governar para a paz.

Se queremos construir uma sociedade mais justa, saudável e pacífica precisamos ouvir o Papa Francisco. Precisamos trazer para as nossas entidades, as nossas igrejas, as nossas famílias e para a nossa vida a generosidade, a corresponsabilidade, a reciprocidade e a amorosidade. As lutas pela água como um direito e não mercadoria, pela defesa dos povos indígenas e seus territórios, pelo combate a mudanças climáticas, pela construção de uma nova matriz energética diminuindo o uso de combustíveis fósseis, contra a destruição que a mineração provoca nos territórios, contra as cercas que condenam os pobres e protegem os ricos, contra a acumulação de capital, pela reforma agrária, pela defesa dos diversos grupos étnicos, contra o racismo, a homofobia e muitas outras lutas que são base na busca de outro mundo possível.

A comunicação é uma importante atividade para retomar o ambiente democrático, levar para as pessoas notícias que alimentem as esperanças e estimulem o debate saudável. Nossa comunicação deve buscar a verdade e noticiar especialmente iniciativas que já são realidade e as necessidades dos povos mais pobres e vulneráveis, que precisam ser vistos, ouvidos, amparados. Comunicar não é um acessório na luta dos movimentos sociais. É uma atividade que deve ser vista como basilar no nosso trabalho.

Nossa comunicação precisa ser estratégica e fortalecida para que fertilize essa nova sociedade que precisamos semear. Para isso precisamos cumprir muitas tarefas: dar mais autonomia para os comunicadores, investir em formação continuada e formar equipes que possam trabalhar sem sobrecarga, mesmo compreendendo que os recursos das nossas entidades são muito limitados.

A comunicação popular é uma grande esperança para ampliar a voz do nosso povo. As notícias vindas de dentro das comunidades, escritas pelo próprio povo têm um poder libertador. É um processo pedagógico que pode dar uma contribuição inestimável para a sociedade como um todo.

Assim, decidimos nos unir em uma articulação de comunicação para aumentar o alcance, ampliar as temáticas e melhor incidir no debate público do país. Criamos hoje a articulação COMUNICAÇÃO POR OUTRO MUNDO POSSÍVEL –- COMP. A união das nossas comunicações, se reforçando e colaborando mutuamente, será importante para a busca pela democracia e libertação do nosso povo.

 

Entidades participantes:

Instituto Madeira Vivo – IMV

Movimento Nacional Fé e Política

Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo – MTC

Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA

Conselho Indigenista Missionário – CIMI

Misereor

Rede Jubileu Sul

Cáritas Brasileira

Articulação Semiárido Brasileiro – ASA

Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES

Conselho Nacional do Laicato Brasileiro – CNLB

Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD

Instituto Caracol

Movimento Tapajós Vivo

Pontifícias Obras Missionárias – POM

Centro de Estudos Bíblicos – CEBI

Fian Brasil– Organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas

International Rivers

Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social