O capítulo primeiro do livro, que reproduz o Marco de Orientação da Promoção da Justiça Socioambiental da Província, conclui a sua INTRODUÇÃO HISTÓRICA com o seguinte texto:

 

“Com a criação da PROVÍNCIA DOS JESUÍTAS DO BRASIL, um novo modo de ser foi instalado. As mudanças são lentas, com ensaios e erros, avanços e recuos, mas dentro da busca decidida por sermos um corpo apostólico dinâmico e sinérgico em vista de uma Missão comum.

As quatro preferências apostólicas da Província dos Jesuítas do Brasil (“experiência transformadora da fé”, “superação do abismo das desigualdades”, “juventudes a serviço da vida” e “cuidado da Amazônia”), são o nosso foco de atenção, e entre estas preferências, duas nos interpelaram mais diretamente ao repensarmos a dimensão da Promoção da Justiça, ou a “ressignificação do apostolado social”: 1) A contribuição na superação do abismo das desigualdades sociais e suas graves implicações econômicas, políticas, culturais e ambientais; 2) A Amazônia, dom de Deus para o mundo, como área geográfica preferencial para a realização de nossa missão evangelizadora no Brasil.

Ao estabelecer uma abordagem de forma integrada e transversal, sugerimos que um caminho bom, sempre alerta, seria o de trabalharmos com a noção de Justiça Socioambiental. O conceito de justiça está intimamente relacionado com o de reconciliação nos documentos da Companhia de Jesus. É necessário que esta justiça (reconciliação) permeando todos os níveis de nossas relações e em todas as nossas frentes de inserção apostólica dê um novo sentido profético a todas as nossas práticas. O Marco PJSA não é um marco dirigido exclusivamente para aqueles que atuam em Centros e Obras Sociais ou em Núcleos de Fé e Alegria. Ele é dirigido a todos os jesuítas em todas as frentes apostólicas e todos/as colaboradores/as que atuam nessas frentes.

Embalados pelo paradigma da Ecologia Integral a partir da Encíclica Laudato Sí, a dimensão da Promoção da Justiça em nossa Missão, ganhou horizontes ampliados e englobantes. Ou seja, a Promoção da Justiça passou a ser vista como abarcando ao menos três grandes níveis ou esferas da ação humana, somando-se neste processo, desde o “reconhecimento do outro” (leia-se: superação dos preconceitos, discriminações, racismos e intolerâncias) e o “compromisso social” (leia-se: opção pelos pobres e luta por políticas de garantia dos direitos sociais básicos para todos) até o “cuidado ambiental” (leia-se: luta pela preservação da vida em toda a sua diversidade para o futuro do planeta terra e direito às condições de vida das gerações futuras) , conforme está amplamente descrito no número 11 do Marco PJSA. A Promoção da Justiça abraçando integradamente estas três esferas, três níveis ou três instâncias de produção de relações, com empenho pela vida em todos os sentidos, é o dinamizador central do Marco da Promoção da Justiça Socioambiental de Província e é o substrato do conceito de Justiça Socioambiental.

Os dois primeiros anos da Província dos Jesuítas em seu formato de Província única no Brasil, foram dedicados em escrever coletivamente o Marco PJSA e criar mecanismos ágeis e pertinentes de integração e sinergia nas múltiplas atividades dos Centros e Obras Sociais, bem como nas demais frentes apostólicas no sentido de pautar conjuntamente e deforma transversal uma proposta de Promoção da Justiça Socioambiental.

Neste sentido criou-se o Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA, como a pretensão de ser um “Observatório em Rede”, tendo como Missão: Ser um serviço em rede de informações, análises, ação educadora e incidência na realidade brasileira em vista da promoção da justiça socioambiental.

Que Deus nos abençoe e nos torne mais fiéis à Missão que nos é confiada”.